EF Stories: Sandra do Brasil na EF Malta
"Sabe aquele sonho que você tem, mas não comenta com ninguém”? A pergunta em tom confidencial da Sandra revela um desejo antigo, mas mantido em silêncio. Viver a experiência de um intercâmbio para outro país era uma intenção que visitava, desde cedo, os pensamentos da Sandra, mas não passava dos planos das ideias. O tempo passou. Ela construiu uma família, conquistou uma carreira profissional, no setor aéreo, mas as aspirações de voar sozinha ficaram adormecidas. "Fui postergando e deixando para lá os meus sonhos", comentou Sandra.
A aposentadoria chegou e mudou a rotina da Sandra. Mãe de duas filhas e divorciada, ela passou a ter mais tempo para se dedicar ao lazer. A vontade de fazer o intercâmbio revisitou de forma mais intensa a moradora de São Paulo.
Sandra tomou coragem e compartilhou com uma das filhas a intenção de viajar sozinha, e foi incentivada a seguir adiante com o projeto, mas a aposentada tinha dúvida se daria conta do desafio. As incertezas ainda a assustavam, o medo do desconhecido a deixava insegura.
Com o tempo, a aposentada superou a indecisão e tomou passos importantes para trilhar a jornada inédita. Fechou o intercâmbio com a EF, mas outras adversidades apareceram. "O que você vai fazer sozinha lá com essa idade?" Era uma pergunta que Sandra costumava ouvir quando ela comentava sobre os planos de viagem. Diante das críticas, ela também se questionava: "Será que eu sou capaz, será que sou merecedora?"
Apesar do abalo emocional, Sandra driblou mais uma etapa. Neutralizou as inseguranças internas e as frases desencorajadoras das pessoas. Ela estava decidida e, pela primeira vez, aos 64 anos, ela viajaria sozinha.
O roteiro no pequeno país da Europa, formado por três principais ilhas, no mar Mediterrâneo, contou com aulas de inglês, belezas naturais, riquezas histórico-culturais e experiências inesquecíveis.
Na sala de aula, houve interação com estudantes de várias gerações e nacionalidades. O espírito de coletividade, com a ajuda mútua entre os alunos, marcou a experiência de aprendizagem. Outra lembrança foi uma apresentação em grupo. Sandra descobriu um lado que ela desconhecia :a habilidade de falar em público com desenvoltura e em outro idioma.
O programa de viagem escolhido pela Sandra era voltado para pessoas com cinquenta anos ou mais. A rede de apoio e o uso de pulseira com informações de contato da escola ajudaram a estudante a sentir-se mais segura e confiante para desbravar Malta. E por onde passou, fez amizades, com a certeza de que educação, respeito e um sorriso fazem a diferença e abrem portas em qualquer lugar do mundo,
Uma das lembranças marcantes foi a beira de uma piscina natural. Enquanto os amantes da natação aproveitavam a água, Sandra apreciava a beleza do lugar. Em determinado momento, uma pessoa se aproximou e perguntou se ela não iria nadar, também . A aposentada não tinha habilidade para a natação e respondeu, em tom de brincadeira, que daquela vez estava em Malta apenas para estudar. O desconhecido, então, disse: "Um dia você tem de tentar!". As palavras soaram encorajadoras e impactaram a aposentada. "Isso mexeu tanto comigo. São essas coisas que são boas de ouvir", comentou a brasileira.
Sandra ainda não sabe nadar, mas voltou com vontade de aprender o esporte e com energia para encarar os desafios. Depois de um tempo afastada das atividades físicas, ela retornou para a academia de ginástica e exercitou-se regularmente.
Apesar dos percalços, a aposentada se sente mais fortalecida. Medos foram superados e inseguranças, vencidas. O desconhecido já não se mostra assustador, mas convidativo para vivências únicas. susto e se transformou em convite de Sandra projeta um futuro diferente com a nova versão de si mesma. E conclui: "Depois de aprender a viajar sozinha, ninguém me segura. É libertador".